Se você já foi a uma manifestação de rua, sabe: se sentir parte de um coletivo, caminhar ao lado de pessoas que têm convicções semelhantes e que pedem juntas por mudança é uma das experiências mais potentes que existem. Quando pertencemos a grupos minorizados, então, é ainda mais transformador participar de uma força popular massiva.
Foi mais ou menos assim que se sentiram as centenas de mulheres chilenas que participaram dos levantes que resultaram na escrita de uma nova Constituição no país, a primeira constituinte paritária do mundo. Mas o percurso desde as caminhadas, palavras de ordem com denúncias de violências e manchetes nos jornais, não foi uma rota simples, claro.
O que é uma Constituinte?
Uma assembleia constituinte tem a função de redigir ou reformar a constituição – o conjunto base de leis, normas e regras de um país – e pode ser formada por representantes políticos e/ou representantes populares.Você pode ler mais sobre este e outros termos no Dicionário da Constituinte do Nuestras Cartas.
Foram as mulheres que conquistaram o direito para que todos os grupos sub-representados pudessem se sentar à mesa e escrever as novas leis do Chile.
E o que isso tem a ver com as eleições brasileiras?
Por ser um processo atual e paritário, pela primeira vez na história, a Constituinte chilena amplia horizontes em relação à participação das mulheres na política. “É um momento empolgante de imaginação política, que tem muito do movimento de mulheres do Chile, dos últimos tempos, mas que carrega essa história desde o sufrágio feminino no país, já que o direito ao voto foi a primeira luta das mulheres para influenciar o espaço político-social”, conta Carol Althaller, pesquisadora e coordenadora de projetos do Instituto Update.
É assim que chegamos a um desenho de democracia paritária que, entre outras coisas, estabelece a responsabilidade do Estado de promover “uma sociedade na qual participem mulheres, homens, diversidades e dissidências de gênero sob condições de igualdade substantiva”.
Quando são as eleições no Brasil e o que está em pauta
As eleições brasileiras ocorrem no dia 2 de outubro de 2022 e neste ano vamos votar para os cargos de presidente, governadores, deputades estaduais e federais e senadores.
É fundamental que a política seja representativa da população de um país. Enquanto não tivermos muitas mulheres na política, nunca teremos nossas pautas como prioridade.
A presença de mais mulheres na política, que carregam em seus corpos, suas vivências, particularidades e necessidades, faz com que vejamos a política como um lugar em que podemos estar e onde podemos exigir direitos.
Este é o primeiro de uma série de conteúdos sobre cuidado e política, um encontro que tem a capacidade de modificar radicalmente o futuro de todas nós. Acompanhe o Lab e siga junto com a gente nesse exercício de esperança.